6 de dezembro de 2013
A bicicleta levada a sério
Gazeta de Pinheiros, 6/12/2014
Instalação de estações do projeto Bike Sampa levanta a questão: como expandir seu uso para além do lazer?
O Bike Sampa, como é chamado em São Paulo, foi inaugurado em maio de 2012, com as primeiras estações na região do Parque do Ibirapuera. A ideia é que o usuário percorra pequenas distâncias, de forma rápida, chegando a pontos e terminais de ônibus e, principalmente, às estações de metrô.
Após a Vila Mariana, seria a vez da Avenida Paulista e, na etapa seguinte, da zona leste. No entanto, chegando a 2014, essa região ainda não possui nenhuma estação. O mapa atual de localização dos bicicletários (veja a reprodução) marca claramente os limites da implementação do sistema até o momento: são as avenidas Dr. Arnaldo, Vergueiro e Água Espraiada e a Marginal do Rio Pinheiros – área nobre da cidade.
Ricardo Corrêa, arquiteto, sócio-fundador e coordenador geral da TC Urbes, consultoria de urbanismo com foco em mobilidade, reitera a opinião do engenheiro. “O governo não tem um planejamento integrado para o transporte, muito menos para as bicicletas”, diz.
Um dos alertas do engenheiro sobre o Bike Sampa é que não há garantia de que o usuário está habilitado para circular pelas ruas da cidade. Para os moradores de Pinheiros, esse recado é especialmente importante, já que as estações do bairro são vizinhas de vias de grande fluxo e, algumas vezes, estreitas. É o caso da Avenida Rebouças e da Rua Artur de Azevedo, próximas a bicicletários já implantados. O ciclista que quiser reforçar sua segurança deve trazer o capacete de casa, já que o sistema não possui aluguel desse ou de outros equipamentos.
Nas demais áreas da cidade, a localização das estações do sistema de compartilhamento também sugere que os usuários circulem por vias pouco seguras. “Por exemplo, a rota estabelecida pela Rua Conselheiro Rodrigues Alves (Vila Mariana) me parece especialmente perigosa”, afirma Paiva. “O sistema deveria começar pela região das avenidas Faria Lima e Berrini, ao longo das linhas 9 (CPTM) e 5 (Metrô), na várzea do Rio Pinheiros, região plana e confortável para trajetos em bicicleta.”
Essa proposta se valeria ainda mais da combinação do Bike Sampa com outros modos de transporte, como visto no uso do Bilhete Único, efetivado em maio deste ano, cerca de 12 meses após a inauguração do sistema. De acordo com a notícia oficial Prefeitura integra Bilhete Único com o projeto Bike Sampa(03/05/2013), “o projeto de compartilhamento de bicicletas integra definitivamente a bike como um meio de transporte na capital paulista”.
Para Paiva, caberia ao poder público a criação de um plano “com definição clara das prioridades, dos cronogramas de implantação e da identificação das fontes dos recursos necessários”, como forma de melhorar a distribuição dos investimentos em transporte.
Para beneficiar mais pessoas e incentivar claramente o uso da bicicleta como meio de transporte, o engenheiro acredita que é preciso ir mais longe. Segundo ele, uma boa alternativa da Prefeitura seria usar os R$ 6.000 gastos anualmente em cada bicicleta do sistema atual para doar bikes para os moradores dos bairros periféricos. Essa ação aumentaria as possibilidades de deslocamento dessa população, contribuindo para melhorar as condições do trânsito na cidade toda. “Assim, o incentivo ao uso de bicicletas não seria muito mais efetivo e a um custo muito menor?”, provoca Paiva.
Colaboração: Amália dos Santos – arquiteta e urbanista[mc4wp_form id=”4455″]
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