25 de janeiro de 2014
São Paulo é uma cidade que terá pessoas mais velhas
Folha de São Paulo, 25/01/2014, por Sabine Righetti
Dentre tantas dúvidas sobre como São Paulo estará ao completar 500 anos, uma coisa é certa: a cidade estará mais velha. Bem mais velha.
Dados tabulados pela Folha mostram que a população paulistana cresceu 7% entre os dois Censos do IBGE, de 2000 a 2010, mas a quantidade de pessoas com mais de 60 anos na cidade aumentou 38% no mesmo período.
Hoje, cerca de 12% de quem vive nesta selva de pedra passou dos 60 anos (a média nacional é 11%). Segundo projeção do Seade desta semana, esse número pode chegar a 20% em São Paulo em 2030.
Em 2050, a quantidade de idosos pode beirar um terço da população paulistana.
“Esses idosos terão mais autonomia e vão morar sozinhos. É preciso prever isso”, diz Elizabeth Mercadante, cientista social e coordenadora da pós-graduação em gerontologia da PUC-SP.
Leticia Moreira/Folhapress | ||
Delson Lopes, 75, na Praça Conde de Barcelos, em Alto de Pinheiros, bairro em que mora há mais de 30 anos |
Não há, hoje, grandes planejamentos para os idosos do futuro. O plano diretor que começará a ser debatido pelos vereadores em fevereiro prevê, por exemplo, estimular calçadas amigáveis em São Paulo, o que vai beneficiar os idosos. Mas para aí.
E o número de pessoas com mais de 60 anos vivendo na capital poderia ser maior se parte deles não migrasse para o interior ou a praia.
“Existe uma ideia de que velhinho tem de ficar em áreas bucólicas, regiões verdes”, explica Mercadante.
“Idoso tem de ficar em áreas com bons serviços, e São Paulo é ideal para isso.”
Delson Lopes, 75, vice-presidente da Associação dos Amigos de Alto de Pinheiros concorda. Ele vive no bairro porque é central, diz, perto de espaços culturais como a USP e o Sesc Pinheiros.
Editoria de Arte/Folhapress |
Por essas e por outras, Alto de Pinheiros é o bairro com mais idosos em São Paulo: 23% de quem mora lá tem mais de 60 anos, quase o dobro da média da cidade.
O problema, lembra Mercadante, é que nem tudo na cidade é amigável aos idosos.
“Não adianta ter ônibus livre para idosos se eles mal conseguem subir no veículo por falta de acessibilidade. O governo precisar olhar isso.”
Apesar de envelhecer na cidade ter suas vantagens, os efeitos da vida na megalópole cinza e agitada pode atrapalhar a melhor idade.
Fernando Antonio Cardoso Bignardi, coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), lembra que é preciso ter contato com a natureza -nem que seja em praças.
“O idoso tende a ficar mais sociável e menos vulnerável a doenças”, explica.
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