22 de março de 2019
Em 10 anos de presidência da SAAP, a carioca Maria Helena Bueno ajudou a fortalecer um dos bairros mais bonitos de São Paulo
Na noite de quarta-feira, 20 de março, a SAAP elegeu sua diretoria para o próximo biênio e, pela primeira vez desde 2009, a psicóloga Maria Helena Osório Bueno não estará liderando o time. “Chegou a hora de passar o cargo para gente mais jovem”, como ela mesma diz.
Passar a liderança não deixa de ser uma vitória para alguém que se tornou presidente porque ninguém mais queria o cargo, como ela gosta de dizer, meio a sério, meio brincando. “Há dez anos, a SAAP estava esvaziada. Voluntários saíram, pessoas faleceram, estava tudo meio parado”, lembra-se.
O cenário contrastava muito com aquele que Maria Helena havia encontrado na década de 1990, quando se tornou associada após comprar um terreno no bairro. As atividades se tornaram ainda mais intensas a partir de 1999. Naquele ano, o então presidente da SAAP, Paulo Bastos, começou um movimento para criar, em Alto dos Pinheiros, bolsões nos quais a circulação de automóveis seria restringida. O objetivo era proteger as ruas até então calmas do bairro contra o avanço do trânsito cada vez pior.
“Eu e vários outros voluntários batemos perna pelas ruas em busca das assinaturas que a prefeitura exigia para colocar o projeto de pé. Conseguimos 70% de anuência dos moradores em cinco dos seis bolsões propostos pelo Paulo.”, Um ano depois, a Prefeitura vetou o projeto dos bolsões em toda a cidade. Mas a SAAP voltou a ficar conhecida, ganhou força.
Foram, no entanto, as vicissitudes da vida que a fizeram mergulhar de vez nas atividades da SAAP. “Em 2000, meu marido faleceu. Minha mãe havia falecido pouco antes. Meus dois filhos estavam na faculdade e minha filha mais velha foi morar fora do país. Isso tudo acabou me aproximando da SAAP, passei a frequentar mais as reuniões.”
Antes mesmo de começar seu trabalho em prol do bairro, Maria Helena já havia ajudado a trazer para Alto dos Pinheiros uma importante instituição – o Centro de Estudos e Assistência à Família (Ceaf), que presta serviços de atendimento psicológico gratuito para a comunidade. “Conseguimos, depois de muita negociação, que a prefeitura cedesse um imóvel em uma praça de Alto dos Pinheiros para instalarmos a sede, em 1998”, conta.
A vitória deixa transparecer uma das principais características da ex-presidente da SAAP: a paciência para conduzir discussões. “Acho que isso vem da minha formação em psicologia. Numa época, meu consultório funcionava no mesmo prédio da sede da SAAP, num andar superior. Às vezes, as reuniões que começavam lá embaixo terminavam em cima”, diz Maria Helena, com seu conhecido bom humor tipicamente carioca – sim, ela nasceu a muitos quilômetros de distância de Alto dos Pinheiros.
Fato é que, em dez anos, a disposição para negociação possibilitou à SAAP tornar-se conhecida em vários órgãos da administração pública. “Conseguimos uma ótima entrada na Prefeitura Regional de Pinheiros e na Câmara dos Vereadores.”
Maria Helena foi capaz até mesmo de usar um evento traumático como ponto de partida para a construção de uma das mais importantes parcerias da SAAP. Em 2000, sofreu um sequestro enquanto dirigia pelas ruas do bairro, saindo de uma reunião da associação. Ela e outras diretora ficaram 12 dias nas mãos dos bandidos. “Por causa dessa história, acabei desenvolvendo um ótimo relacionamento com a polícia. Sempre que chegava alguém novo no comando da PM aqui no bairro eu chamava para tomar café em casa, conversar.”
Apesar de sua liderança ser fundamental para a maneira como a SAAP atuou na última década, Maria Helena faz questão de destacar: “Não fiz nada sozinha.”
Ressalta, por exemplo, o importante papel que a urbanista Ignez Barretto, atual presidente do conselho da associação, nas discussões sobre o Plano Diretor e a Lei de Zoneamento. Também menciona a inestimável contribuição do tesoureiro Carlos Alberto Pinto e Silva, sempre atento aos mínimos detalhes nas contas.
Nos últimos anos, sua principal parceira foi Márcia Kalvon Woods, vice-presidente da SAAP até a noite de 20 de março, quando se tornou a mais nova presidente. “O nosso livro comemorativo dos 40 anos da SAAP foi ideia da Márcia, que ficou à frente da produção durante um ano e meio, até ele ser impresso e se tornar a nossa joia, registrando a memória do bairro desde os primórdios.”
Maria Helena aposta muito no trabalho da nova geração liderada por Márcia e também representada pelo vice-presidente, Marcelo Campagnolo, e pela tesoureira, Silvia Zanotti Guimarães. “Como jovens que são, têm muitos projetos audaciosos.”
A psicóloga deixou a presidência, mas não se afastou da associação que ajudou a fortalecer na última década: assumiu um cargo de conselheira consultiva na nova gestão. “Estarei na retaguarda para o que a nova diretoria precisar”, comenta. “Tenho certeza de que a SAAP estará em muito boas mãos.”
A nova composição ficou assim:
Presidente: Marcia Kalvon Woods
Vice-presidente: Marcelo Campagnolo
Secretário: Paulo Rossetto
Tesoureira: Silvia Zanotti Magalhães
Conselho Consultivo:
Presidente: Ignez Barretto
Vice-Presidente: Wellington Nogueira
Maria Helena Osório Bueno
Conselho Fiscal:
Carlos Alberto Pinto e Silva
Miguel Lowndes Dale
Milene Braga
Diretoria Nomeada: Diretor Ambiental: Carlos Sanseverino :Diretora de Eventos: Liliane Carvalho Rocha
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